Elton Mayo e a Escola das Relações Humanas

Com a Abordagem Humanística da Administração, a Teoria Administrativa passa por uma revolução conceitual: a transferência da ênfase colocada na tarefa pela Administração Científica e na estrutura organizacional pela Teoria Clássica para a ênfase nas pessoas que trabalham ou que participam nas organizações. A Abordagem Humanística faz com que a preocupação com a máquina e com o método de trabalho e a preocupação com a organização formal e os princípios da Administração cedam prioridade para a preocupação com as pessoas e os grupos sociais, ou seja, dos aspectos técnicos formais para os aspectos psicológicos e sociológicos.

A Abordagem Humanística ocorre com o aparecimento da Teoria das Relações Humanas, nos Estados Unidos, a partir da década de 1930. Ela surgiu graças ao aparecimentos das ciências sociais, notadamente a psicologia e em particular a psicologia do trabalho.

A Abordagem Humanística começou logo após a morte de Taylor, mas foi somente a partir da década de 1930 que encontrou enorme aceitação nos Estados Unidos, principalmente por suas características democráticas.

A Teoria das Relações Humanas ou também chamada de Escola Humanística da Administração, teve seu inicio como conseqüência das conclusões da Experiência de Hawthorne, desenvolvida por Elton Mayo e colaboradores. Foi um movimento de reação e oposição a Teoria Clássica da Administração.

A Experiência de Hawthorne

O principal componente do enfoque comportamental é a escola das Relações Humanas, que nasceu de um experimento famoso, realizado nos anos de 1927 a 1933, ainda na esteira do movimento da administração científica.

Um grupo de pesquisadores da Universidade de Harvard foi contratado para desenvolver um estudo numa fábrica da Western Eletric, para descobrir se as variações na iluminação teriam algum efeito sobre o desempenho dos trabalhadores.

Esse projeto começou com a aplicação de métodos da psicologia experimental, introduzidos nos EUA por Hugo Munsterberg. Aumentava-se a intensidade da luz e a produção aumentava. Diminuía-se a luz e a produção dava uma caída. Em seguida, a fim de eliminar os efeitos deste fator psicológico, os pesquisadores ofereceram benefícios: lanches e intervalos de descanso. A produção continuou aumentando. Finalmente, todos os benefícios foram tirados, a produção, em vez de cair, subiu para uma quantidade espantosa. Os pesquisadores somente conseguiram demonstrar que não havia qualquer correlação simples e direta entre os fatores que eles estavam manipulando e a produtividade.

Como resultado de um trabalho de entrevistas em profundidade, Elton Mayo e seus colaboradores interpretaram os resultados do experimento e formularam uma série de conclusões que criaram uma nova filosofia de administração. Em essência essas conclusões diziam que o desempenho das pessoas era determinado não apenas pelos métodos de trabalho, segundo a visão da administração científica, mas também pelo comportamento. As conclusões mais importantes de Mayo são as seguintes:

• A qualidade do tratamento dispensado pela gerência aos trabalhadores influência fortemente seu desempenho. Bom tratamento, bom desempenho.

• O sistema social formado pelos grupos determina o resultado do indivíduo, que é mais leal ao grupo do que á administração. Se o grupo resolver ser leal à administração, o resultado é positivo par a empresa. O resultado é negativo para a empresa quando o grupo resolve atender a seus próprios interesses.

Em resumo, as conclusões de Mayo lançaram as bases de uma nova filosofia de administração: a filosofia das relações humanas.

Interessantes ressaltar, que em decorrência do enfoque comportamental, ocorreram o surgimentos da liderança e dos tipos de liderança. Contudo, não vamos abordar este conceito neste momento, visto que, mais para frente, teremos uma aula somente sobre liderança. Ok aluninho ?

Max Weber a a Teoria da Burocracia

A Burocracia é uma forma de organização humana que se baseia na racionalidade, isto é, na adequação dos meios aos objetivos pretendidos, a fim de garantir a máxima eficiência possível ao alcance desses objetivos. As origens da Burocracia, como forma de organização humana, remotam a época da Antiguidade. Contudo a Burocracia, tal como ela existe hoje, como base do moderno sistema de produção, teve sua origem nas mudanças religiosas verificadas após o Renascimento. Weber salienta que o sistema moderno de produção, racional e capitalista, não se originou das mudanças tecnológicas, nem das relações de propriedade como afirma Karl Marx, mas de um novo conjunto de normas sociais morais, as quais denominou "ética protestante". Para compreender a Burocracia, Weber estudou os tipos de sociedade e os tipos de autoridade.

Tipos de Sociedade

Weber distingue três tipos de sociedade:

• Sociedade Tradicional: onde predominam características patriarcais e patrimonialistas, como a família, o clã, a sociedade medieval, etc.

• Sociedade Carismática: onde predominam características místicas, arbitrárias e personalísticas, como nos grupos revolucionários, nos partidos políticos, nas nações em revolução, etc.

• Sociedade Legal, Racional ou Burocrática: onde predominam normas impessoais e racionalidade na escolha dos meios e dos fins, como nas grandes empresas, nos estados modernos, nos exércitos, etc.

Tipos de Autoridade

A cada tipo de Sociedade corresponde, para Weber, um tipo de autoridade. Autoridade significa a probabilidade de que um comando ou ordem específica seja obedecido. A autoridade representa o poder institucionalizado e oficializado. Poder implica potencial para exercer influência sobre as outras pessoas. Para Weber, poder significa a probabilidade de impor a própria vontade dentro de uma relação social, mesmo contra qualquer forma de resistência e qualquer que seja o fundamento dessa probabilidade. O poder portanto, é a possibilidade de imposição de arbítrio por parte de uma pessoa sobre a conduta das outras. A autoridade proporciona poder: ter autoridade é ter poder. A recíproca nem sempre é verdadeira, pois ter poder nem sempre significa ter autoridade.

A autoridade (e o poder dela decorrente), depende da legitimidade, que é a capacidade de justificar o seu exercício. A legitimidade é o motivo que explica porque um determinado número de pessoas obedece às ordens de alguém, conferindo-lhe poder. Essa aceitação, essa justificação do poder é chamada legitimação. A autoridade é legítima quando é aceita. Se a autoridade proporciona poder , o poder conduz a dominação.

Dominação significa que a vontade manifesta (ordem) do dominador influencia a conduta dos outros (dominados), de tal forma que o conteúdo da ordem, por si mesma, se transforma em norma de conduta (obediência), para os subordinados. A dominação é uma relação de poder na qual o governante (ou dominador), ou pessoa que impõe seu arbítrio sobre as demais, acredita ter o direito de exercer poder, e os governados (dominados) consideram sua obrigação obedecer-lhe as ordens. As crenças que legitimam o exercício do poder existem tanto na mente do líder como na dos subordinados e determinam a relativa estabilidade da dominação. Weber estabelece uma tipologia de autoridade, baseando-se não nos tipos de poder utilizados, mas nas fontes e tipos de legitimidade aplicados.

Weber aponta três tipos de autoridade legítima:

Autoridade Tradicional:

Quando os subordinados aceitam as ordens dos superiores como justificadas, porque essa sempre foi a maneira pela qual as coisas foram feitas. O domínio patriarcal do pai de família representa o tipo mais puro de autoridade tradicional. O poder tradicional não é racional, pode ser transmitido por herança e é extremamente conservador. Toda mudança social implica rompimento mais ou menos violento das tradições.

A legitimação do poder na dominação tradicional, provém da crença no passado eterno, na justiça e na maneira tradicional de agir. O líder tradicional é o senhor que comanda em virtude de seu status de herdeiro ou sucessor. Suas ordens são pessoais e arbitrárias, seus limites são fixados pelos costumes e hábitose os seus súditos obedecem-no por respeito ao seu status tradicional.

Autoridade Carismática

Quando os subordinados aceitam as ordens do superior como justificadas, por causa da influência da personalidade e da liderança do superior com o qual se identificam. Carisma é um termo usado anteriormente com sentido religioso, significando o dom gratuito de Deus, estado de graça. Weber e outros usaram o termo no sentido de uma qualidade extraordinária e indefinível de uma pessoa. É aplicável a líderes políticos como Gandhi, Kennedy, etc. O poder carismático é um poder sem base racional, é instável e facilmente adquire características revolucionárias. Não pode ser delegado, nem recebido em herança, como o tradicional. O líder se impõe por possuir habilidades mágicas, revelações de heroísmo e não devido a sua posição ou hierarquia. É uma autoridade baseada na devoção afetiva e pessoal e no arrebatamento emocional dos seguidores em relação a sua pessoa. A legitimação da autoridade carismática provém das características pessoais carismáticas do líder e da devoção e arrebatamento que impõe os seguidores.

Autoridade Legal, Racional ou Burocrática

Quando os subordinados aceitam as ordens dos superiores como justificadas, porque coordenam com um conjunto de preceitos ou normas que consideram legítimos e dos quais deriva o comando. É o tipo de autoridade técnica, administrada. Baseia-se na promulgação. A idéia básica fundamenta-se no fato de que as leis podem ser promulgadas e regulamentadas livremente por procedimentos formais e corretos. O conjunto governante é eleito e exerce o comando de autoridade sobre seus comandos, seguindo certas normas e leis. A obediência não é devida a alguma pessoa em si, seja por suas qualidades pessoais excepcionais ou pela tradição, mas a um conjunto de regras e regulamentos legais previamente estabelecidos.

A legitimidade do poder racional e legal se baseia em normas legais racionalmente definida. Na dominação legal, a crença na justiça da lei é o sustentáculo da legitimação. O povo obedece às leis porque acredita que elas são decretadas por um procedimento escolhido pelos governados e pelos governantes.

O aparato administrativo na dominação legal é a Burocracia. Tem seu fundamento nas leis e na ordem legal. A posição dos funcionários (burocratas) e suas relações com o governante, os governados e colegas burocratas são definidas por regras impessoais e escritas, que delineiam de forma racional e hierárquica do aparato administrativo, direitos e deveres inerentes a cada posição, métodos de recrutamento e seleção, etc. A Burocracia é a organização típica da sociedade moderna democrática e das grandes empresas e existe na moderna estrutura do Estado, nas organizações não-estatais e nas grandes empresas.


Introdução a Teoria Geral da Administração
Autor: Idalberto Chiavenato - 6 Edição
Editora: Campus

Introdução à Administração
Autor: Antonio Cesar Amaru Maximiano
Editora: Atlas

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